Olhar de perto uma pintura mural permite apreciar, de uma maneira mais intimista, a capacidade técnica de um artista e perceber particularidades, ou detalhes, pouco percetíveis quando observados à distância. Esta situação é particularmente notória no Planisfério (ou mapa-mundi) pintado em 1939 por Almada Negreiros no átrio de receção da antiga sede do Jornal Diário de Notícias em Lisboa (atualmente Edifício DN). Nesta pintura, com cerca de 13x4m, Almada Negreiros deu largas à imaginação na representação simbólica da fauna, flora, história e cultura à maneira da cartografia medieval, mas com notas de contemporaneidade e de humor, que lhe eram tão características.
São disso exemplo a Vénus de Boticelli, abrigando-se do frio do Ártico (à esq), ou do hidroavião a chegar às costas do Brasil numa possível alusão à primeira travessia aérea do Atlântico Sul, em 1922, por Gago Coutinho e Sacadura Cabral (à dta). Todas as representações são, na sua maioria de apenas alguns centímetros e foram realizadas com pinceladas diluídas de forte cromatismo, acentuadas com pontos de luz. Os contornos e sombras a vermelho vivo garantem uma maior perceção á distância. Para descobrir estes e outros detalhes aqui.
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